Super Fruits Slot - não basta ter dinheiro, é preciso saber administrar
Capacitação e acesso ao crédito mudam a realidade de empreendedoras na capital
Era um sábado de janeiro de 2012 quando Rejane Alves, 61, decidiu colocar a vergonha de lado para empreender. Abriu o portão da garagem de casa, no bairro Parque Dois Irmãos, pegou uma mesinha e colocou na calçada. Preparou cerca de 25 tapiocas - molhadas com leite de coco, fez um bolo mole e uma garrafa de café. Mesmo com receio abriu, pela primeira vez, sua banca de quitutes. Era por volta das 6h30. A vizinha, que lavava a calçada, foi sua primeira cliente.
Mas a vizinha não foi a única, por volta das 8h30 a nova empreendedora já tinha vendido tudo: “coloquei a mesa pra dentro muito empolgada, muito satisfeita. Já fui logo pegando o dinheiro das vendas e comprando outro quilo de goma”, conta Rejane que, além dos quitutes de estreia, aproveitou para ampliar o cardápio. No domingo, sua banquinha contava também com cuscuz. “Uma semana depois, eu já acrescentei o bolo fofo”, reitera.
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AssineE foi fazendo nesse modelo até por volta de 2015, quando a filha recebeu um dinheiro e aplicou no novo negócio da mãe, que encomendou uma coberta para proteger os clientes do sol: “já pude colocar também minhas primeiras mesas”. Teve épocas em que Rejane acordava às 3h30 e não tinha hora pra ir dormir. Mas a falta de administração financeira fez com que o negócio desandasse quando a empreendedora ficou doente. Na pandemia, degringolou de vez: “eu não tinha R$100 no bolso, nem pra comprar um soro”, lembra. “Quebrei que apartei, como diz o ditado”, ri.
Foi através de um programa de TV que Rejane descobriu que poderia buscar ajuda para essa dificuldade que é dela, mas é também de milhares de empreendedores brasileiros. Não à toa, 60% dos negócios que vão à falência nos cinco primeiros anos tem a falta de gestão financeira como um dos principais fatores que desenham esta realidade. Se inscreveu no Programa Mulheres Guerreiras, da Prefeitura, sem muita expectativa: “Nunca achei que seria contemplada”, revela.
Mas o diferencial já começou aí, para conseguir o capital a beneficiada precisou, primeiro, passar pelo curso de “Elaboração de Proposta de Negócio”. “Só depois de uns quatro meses é que fui contemplada com o dinheiro, fiquei nas nuvens”. Com o recurso, comprou forno, um multiprocessador e mercadorias para estoque. Mas o acompanhamento do projeto não parou por aí: a empreendedora ainda recebeu consultoria para saber fazer sua precificação, fluxo de caixa, controle das finanças, compras, enfim, todo o básico necessário para manter a pequena empresa de pé. “Pra mim, foi um divisor de águas”, pondera.
“A gente foca muito nesse pequeno empreendedor, porque a gente sabe que grande parte das empresas morre no primeiro ano. E a maneira de não morrer no primeiro ano, de perdurar, de ter sucesso, é esse empreendedor estar bem capacitado”, explica Rodrigo Nogueira, secretário do Desenvolvimento Econômico. “A gente aposta muito na mulher como chefe de família, e a gente vem tendo dados excelentes quanto a isso”, reitera sobre os programas que tem as mulheres como foco principal .
Hoje, Rejane fatura em torno de R$5 mil/mês. “Dá pra pagar as minhas parcelas do empréstimo tranquilo, pago todas as minhas despesas, vivo disso”, comemora uma empreendedora orgulhosa de suas conquistas, que não param. No ano passado Rejane se formou em gastronomia e agora cursa uma pós-graduação em Ciências dos Alimentos, no IFCE de Baturité. “Sou a mais velha da turma”, conta sorridente.
Nossas Guerreiras
O programa oferece crédito orientado de R$ 3 mil para até 17 mil mulheres de baixa renda, prioritariamente chefes de família e que desejem empreender.
Mulheres beneficiadas:8.483
Já qualificou mais de 34 mil mulheres com o curso “Elaboração de Proposta de Negócios”